Conheça um pouco mais sobre o método construtivo que apresenta diversas vantagens, faz bem para o meio ambiente e tem custo reduzido
Atualizado em 16 de abr. de 2021, 10:34 - Publicado em 13 de abr. de 2021, 9:00
CASACOR São Paulo 2019 -Casa Contêiner por Marilia Pellegrini(Romulo Fialdini/)
Arquitetura e sustentabilidade andam lado a lado no século 21. As novas formas de morar incluem o compromisso com o meio ambiente e a preocupação em contribuir para um planeta mais saudável. É neste cenário que os containers ganham uma nova função.
Inventados nos anos 50, pelo empreendedor americano Malcolm McLean, eles revolucionaram a indústria de transportes da época. Aos poucos, espalharam-se pelo mundo e se tornaram comuns, levando cargas em navios e trens. Mas foi no começo dos anos 2000, que receberam um novo uso - pouco provável, mas com muita sinergia com o segmento da arquitetura.
Um grupo de arquitetos ingleses percebeu que os módulos eram descartados pelas transportadoras após oito anos de atividade. Verificaram a composição do material e viram que ele poderia ser extremamente funcional para construções - feitos com aço, os contêineres são muito resistentes, porém leves o bastante para serem transportados de um lugar para outro.
A ideia deu certo e ganhou adeptos não só na Inglaterra, mas por todo o planeta. No Brasil, casas e empresas contêineres começaram a ser construídas na última década.
As vantagens do modelo de construção são muitas e vão desde o menor custo e baixo impacto ambiental até durabilidade e mobilidade.
A própria opção pelo reaproveitamento do contêiner já inicia o pacote: a estrutura reduz os gastos com outras matérias primas, como areia, tijolos, cimento e ferro. A diminuição destes elementos proporciona uma obra limpa e seca, sem necessidade de elevado consumo de água.
01/06 - CASACOR Minas Gerais 2013 - Pocket House por Cristina Menezes Arquitetura (Divulgação)
02/06 - CASACOR Minas Gerais 2019 por Ateliê da Vila (Jomar Bragança)
03/06 - CASACOR Minas Gerais 2016 - Box 16, por Felipe Soares (Divulgação)
04/06 - CASACOR São Paulo 2019 -Casa Contêiner por Marilia Pellegrini (Romulo Fialdini)
05/06 - CASACOR Minas Gerais 2016 - Bilheteria por Flávia Freitas (Daniel Mansur)
06/06 - CASACOR Peru 2016 -Casa Reciclada por Sachi Fujimor (Divulgação)
Com isso, o custo da construção diminui entre 20% e 40% em relação a uma casa de alvenaria do mesmo tamanho e acabamentos.
Além disso, não é necessário comprar um terreno para instalar o contêiner, como a habitação é de fácil transporte, o imóvel pode ser alugado. A construção também é interpretada como temporária pela maior parte das prefeituras no Brasil, o que acelera o processo de aprovação da obra.
O tamanho do edifício pode variar de acordo com a necessidade do cliente. Como são padronizados internacionalmente, existem dois tamanhos de contêineres: os menores, de 20 pés (2,45 m X 2,60 m x 6 m), e os maiores, de 40 pés (2,45 X 2,90 m X 12 m). Os módulos podem ser acoplados de diferentes maneiras e receber os mais variados revestimentos.
As casas contêiner fomentam um novo ideal de sustentabilidade, que ultrapassa o âmbito da natureza e alcança um moderno imaginário de vida. Sempre prezando pela qualidade e conforto, mas evitando acúmulos e desperdícios.
Atenta para as tendências e preocupada com a sustentabilidade, a CASACOR exibiu sua primeira Casa Container em 2011, assinada pela arquiteta Brunete Fraccaroli. De lá para cá, o modelo de construção se consagrou como um dos mais admirados pelo público da mostra.
Abaixo, listamos 10 casas contêineres que foram destaque no decorrer dos últimos anos na CASACOR:
01/10 - Bruna Bonfante e Juliana Lima ousaram na hora de projetar o Contêiner Office da CASACOR Minas Gerais 2015. Sustentável e elegante, o espaço apostou em recursos como: teto verde, piso reciclado, bicicletário e deck com espelho d’água. O fechamento em vidro garantia a continuidade entre o interior e o exterior da edificação. A construção foi pensada para ser itinerante, atendendo a necessidade de empresas que precisam de espaços temporários em cidades distantes de sua sede. Feita a partir de um contêiner de 40 pés, a estrutura reúne uma sala de reunião, uma sala do diretor e uma copa. (Divulgação)
02/10 - O arquiteto Daniel Kalil e a designer de interiores Karinna Buchalla assinaram a Casa Container da CASACOR São Paulo 2015. Se por fora, o contêiner foi mantido caracterizado, por dentro, a elegância e o conforto ditaram as regras. A estrutura com 170 m² era composta por quatro módulos de 40 pés e um de 20 pés. Nos contêineres maiores foram abrigados oito ambientes: cozinha, sala de jantar, sala de estar com sala de TV, galeria, quarto do casal, quarto do filho, quarto da filha e banheiro. Já no módulo menor, ficaram as áreas de lazer, incluindo um mini spa e um deck de madeira com piscina. Para o isolamento térmico e acústico, foram usadas lãs de pet. A iluminação foi feita totalmente em LED, reduzindo o consumo de energia. (Divulgação)
03/10 - A estrutura formada com a junção de dois contêineres de 40 pés era o personagem principal da Loja CASACOR, assinada pelo arquiteto Gustavo Calazans na CASACOR São Paulo 2016. Inspirado nas construções tradicionais em madeira e indígenas, o espaço foi revestido com uma montagem feita com 200 peças de MDF encaixadas nas paredes e teto. O cruzamento das prateleiras e montantes verticais criava nichos, nos quais peças de grandes artesãos e designers nacionais ficaram expostas para a venda. O trabalho de iluminação, desenvolvido pelo light designer Sergio Funari, valorizava ainda mais a composição. (Divulgação)
04/10 - O contêiner era o símbolo da versatilidade no Casulo da CASACOR Minas Gerais 2015, projetado pelo quarteto Bernardo Horta, Giulianno Camatta, Guilherme José e Pedro Lodi. O espaço com 14 m² foi pensado para funcionar como uma mini residência, uma barbearia, um escritório ou até um lugar para reunir os amigos para uma comemoração. Todas essas possibilidades eram alcançadas apenas alterando a disposição do mobiliário multifuncional. A mesa, por exemplo, poderia ser facilmente retraída na parede, já o quarto poderia ser transformado em um espaço de trabalho, bastava embutir a cama e reposicionar a luminária. Na ambientação, os profissionais optaram por traduzir a brasilidade na paleta de cores e na vegetação tropical. Outra aposta foi em materiais de baixo custo e alta criatividade, como os pallets que revestiram o teto. (Divulgação)
05/10 - Em uma proposta inovadora, o arquiteto Eduardo Baldelomar construiu o Refugio Contemporáneo na CASACOR Bolívia 2016. A mini-casa de 55 m² foi concebida em dois contêineres e demorou 30 dias para ser finalizada. O módulo do térreo acomoda hall de entrada, banheiro, cozinha, salas de estar e jantar. Já no superior, ficam os banheiros e quartos. A estrutura ainda comporta garagem, lavanderia e área para churrasco. Para garantir ventilação e iluminação natural, cinco grandes recortes em vidro, que vão do piso ao teto, foram feitos. (Divulgação)
06/10 - Especialista em construções sustentáveis, a arquiteta Juliana Jagelski projetou a Bilheteria e Lounge de Entrada da CASACOR Santa Catarina 2016. Apesar de construídos em métodos diferentes, os dois ambientes eram interligados por premissas da Arquitetura Bioclimática. A Bilheteria foi desenvolvida a partir de um contêiner, já o lounge foi montado com paredes de EPS (Painéis de Poliestireno Expandido) - material que dispensa o uso de tijolos e blocos de concreto. A fachada dos espaços foi inspirada em um ninho de pássaros, pórticos metálicos e tramas de madeira faziam alusão a gravetos. Toda a ambientação trabalhou premissas minimalistas, com peças exclusivas do arquiteto e designer Richard Gorh. (Divulgação)
07/10 - O trio de arquitetos Aldo Cristaldo, Laura Oviedo e Andrea Delmas, desenvolveu a Casa en Contenedores, exposta na CASACOR Paraguai 2017. Construída a partir de três contêineres - dois de 20 pés e um de 40 pés -, a residência tinha 320 m² e encantava pela leveza. As laterais dos módulos foram removidas e substituídas por vidros, trazendo a vista do jardim para todos os cantos da casa. O acesso ao piso principal, o último, era feito através de uma rampa externa, de 18 metros, construída com ferro. O protótipo foi desenvolvido especialmente para a mostra e demorou 60 dias para ser montado, ele incluía nove cômodos e duas áreas externas - sala de estar, sala de jantar, cozinha, três quartos, sala de banho, biblioteca, closet, terraço e jardim. A empresa estima que o preço do projeto chega a ser entre 5% e 10% mais barato do que uma casa tradicional de US$ 700 o m². (ABC Color)
08/10 - A Bilheteria, criada por Flávia Freitas, era o ambiente que recepcionava o visitante da CASACOR Minas Gerias 2016. A ideia foi criar um espaço ao mesmo tempo contemporâneo e aconchegante, aproveitando a vista a para Lagoa da Pampulha. A estrutura foi desenvolvida a partir de dois contêineres. A parte superior, construída em balanço, abrigava o escritório da diretora da mostra mineira. Na parte de baixo, um foyer, repleto de peças de design assinadas, recebia os visitantes. Os revestimentos em madeira e porcelanato, aliados a paleta em tons neutros, construíam uma ambientação acolhedora e moderna. (Divulgação)
09/10 - O Box 16, assinado por Felipe Soares, na CASACOR Minas Gerais 2015, cumpre bem a função de moradia compacta, mas sem abrir mão das funções convencionais de uma casa. Nos 28 m² de área interna, uma estante com nove metros de extensão, desenhada pelo próprio profissional, é responsável por setorizar os espaços reservados para cozinha, mesa, lavabo, armário e biblioteca. O recurso mantêm os ambientes integrados, mas com certa privacidade, e garante a fluidez e o visual leve da casa. O tratamento termoacústico do contêiner foi feito em lã de PET, a partir do reaproveitamento de mais de 12 mil garrafas. (Divulgação)
10/10 - Três contêineres marítimos recortados, acoplados e com revestimento termoacústico, compunham a Casa Container da CASACOR Paraná 2017, projetada por Carolina e Denise Leal Ribas. Com cerca de 125 m², o projeto era permeado por uma atmosfera urbana e descomplicada. Os espaços multifuncionais, criados para incentivar o convívio familiar, dispensavam divisórias. As profissionais deram uma roupagem sofisticada para o contêiner rústico, investiram em recursos tecnológicos no mobiliário, no revestimento 3D, em uma das paredes, e em peças assinadas por grandes designers, como as poltronas Dunas, de Ronald Sasson. (Daniel Sorrentino)